O Brasil está mais triste. Uma pequena lágrima rolou dos olhos das meninas, jovens e senhoras de Copacabana, Ipanema e, também, das comunidades cariocas aonde o seu riso ou intervenções sisudas chegavam freqüentemente nas “novelas das oito”. As “mamas” da Móoca conversam baixinho sobre os seus personagens e relembram – que saudades – do Vadinho. Até me disseram que as águas do Beberibe e Capiberibe rolam mais devagar e o vento sopra sereno nas dunas cearenses. É José Wilker – cearense por nascimento, recifense pelos caminhos da vida e universal pelo seu trabalho, você não tem nem idéia do quanto era querido. Como ator, diretor, narrador, apresentador e crítico de cinema você sempre fez parte do time principal da nossa cultura. E como cidadão, desde a sua juventude no Recife, onde lhe conheci, sempre lutou por políticas éticas, progressistas e socialmente justas. Por isso, em vez de relembrar aqui os seus filmes, novelas, peças teatrais e ensaios, junto com todos os artistas paulistas representados pelo SATED-SP, te dedicamos este pequeno esboço sobre a condição do artista na construção de um mundo melhor, que escrevi há algum tempo:
UM OUTRO MUNDO É POSSÌVEL
“Quando o Chaplin fez o seu filme “Tempos Modernos”, em 1936, ou seja, há quase 100 anos, muitos o consideraram um “exagerado e propagador de idéias comunistas”. E o tempo mostrou que os sonhos do cineasta estão muito aquém da realidade que vivemos hoje. As máquinas e tecnologias criadas pelo homem são os seus principais grilhões e, na maioria das vezes, em vez de estarem a serviço de seus criadores, são fontes de escravização e somente servem a uma parcela mínima da população mundial. E outros sonhos sonhados e concretizados por artistas no teatro, cinema ou literatura, que nos transportam às profundezas do oceano, ao espaço sideral, agora fazem parte do nosso dia-a-dia.
E é por esta capacidade de sonhar e criar que o artista acredita profundamente que “Um outro mundo é possível”. Quando ele chora, nas tragédias, chora por toda a humanidade, ao trazer à tona os dramas pessoais e coletivos. Quando ele ri, nas comédias, leva-nos a refletir sobre a nossa pequenez e enche de alegria um cotidiano às vezes amargo e difícil. Quando a sua imaginação alça vôos bem altos, obriga-nos a refletir sobre os problemas que nos cercam e nos apontam diretrizes socialmente justas e factíveis de levarem felicidade ao homem.
É por isto que: Apesar do Aquecimento Global, da Violência contra os mais Fracos e Oprimidos, da Ganância que acentua a desigualdade entre pessoas e povos, o Arista acredita e persevera, pois tem certeza que “Um Outro Mundo é Possível”.
Denise Santana Fon
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